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A História do Burzum: Parte II – A morte de Euronymous:

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A História do Burzum: Parte II – A morte de Euronymous: Empty A História do Burzum: Parte II – A morte de Euronymous:

Mensagem  Psychopath Paranoia Seg Jun 14, 2010 2:43 pm

A História do Burzum: Parte II – A morte de Euronymous

De certa forma, tem sido interessante ver como algumas pessoas sentem a necessidade de criar histórias sobre o motivo pelo qual eu matei Euronymous. Mas é triste ver que essas pessoas criam histórias somente porque a verdade é inconveniente para elas.

Esta é uma tradução da biografia do Burzum, em nove partes, publicada originalmente no site www.burzum.org (oficial de Burzum) e redigida pelo próprio Varg Vikernes.
O texto foi traduzido na sua totalidade, e não expressa a opinião do tradutor (César Guerreiro), nem do Fórum TIMM, nem de nenhum outro senão a do próprio autor, Varg Vikernes.

Em 1991 a maior parte dos músicos de metal da Noruega acreditava que Euronymous era um gajo bom, mas no segundo semestre de 1992 a maior parte de nós percebeu que ele não era assim. Quando a DSP (Deathlike Silence Productions), a sua gravadora, lançou o álbum de estreia do Burzum em Março de 1992, ele teve que fazer um empréstimo para poder pagá-lo. Ele não tinha dinheiro para isso, então ele levou emprestado de mim. Quando vendeu todos os álbuns do Burzum ele pagou as suas contas particulares ao invés de prensar mais cópias – ou devolver o dinheiro que devia-me (e, a propósito, eu também nunca vi o dinheiro dos royalties). Então depois de vender tudo ele não tinha dinheiro para prensar mais cópias. Essa é provavelmente a razão que levou muitos a acreditarem que eu o matei por dinheiro, mas certamente eu não conseguiria o meu dinheiro de volta matando-o. Partir as suas pernas poderia ter funcionado, mas matá-lo não. Eu sempre posso ganhar mais dinheiro se quiser, mas eu nunca invisto mais do que aquilo que posso perder. Tenho uma relação bem tranquila com o dinheiro, então esse rumor é simplesmente estúpido, mesmo porque estamos falando de apenas umas 36.000 coroas norueguesas (por volta de 5.100 dólares, equivalente a um salário mensal médio na Noruega).

A História do Burzum: Parte II – A morte de Euronymous: Euronymous1
Legenda da imagem: Euronymous sem a maquiagem

Eu aguentei as consequências da sua incompetência e estupidez e fundei o meu próprio selo, chamado Burznazg (que, na Língua Negra de Tolkien, significa “Anel Negro”) e que depois (no final de 1992) foi mudado para Cymophane (em grego: “Acenar para aparecer”, o nome de uma pedra que tem a forma de um olho) e decidi fazer tudo sozinho. Eu não precisava dele. Tudo o que ele fez foi sentar o seu cu gordo na sua loja, beber Coca Cola e comer kebab [N.: espetos de carne estilo árabe]. A sua loja estava indo por água abaixo e era apenas uma questão de tempo antes dele (e portanto da DSP) ir à falência.

Mas ainda não tínhamos cortado relações com ele, não completamente, e, como última tentativa de manterá sua loja funcionando, concordamos que eu deveria dar uma entrevista a um jornal para atrair alguma atenção para o metal. Ele não tinha mais álbuns do Burzum, mas ainda tinha outros álbuns para vender na sua loja. Quando eu dei a entrevista anónima em Janeiro de 1993 eu exagerei bastante e, quando o jornalista foi embora, nós – uma rapariga e eu – demos umas boas risadas, porque ele não pareceu ter entendido que eu estava gozando com ele. Ele levou tudo muito a sério. Infelizmente, ele procurou a polícia no dia seguinte (19), fui preso e, no dia 20, seu jornal publicou a sua versão do que eu tinha dito, e isso enquanto eu estava encarcerado e incapaz de dizer a alguém que aquilo era somente um monte de asneiras que eu tinha dito para atrair algum interesse para um certo género musical – e para ajudar Euronymous a ganhar alguns fregueses e alguns trocados.

A História do Burzum: Parte II – A morte de Euronymous: Euronymous2

Legenda da imagem: Euronymous com a maquiagem
Porém, a parte interessante foi que, quando eu estava preso, Euronymous fechou a loja, ao invés de tirar proveito da situação, porque os seus pais acharam que a atenção era inconveniente demais! Então o “maligno” herói do Black Metal fez o que a sua mãe e o seu pai mandaram! Sim, realmente patético mas, agindo assim, ele também fez com que todos os meus esforços fossem em vão. Eu passei seis semanas preso por causa disso e tudo o que ele fez foi fechar a loja! Choveram fregueses, que encontraram a loja fechada! Isso não é estúpido?!

Quando eu saí da prisão eu estava bastante desiludido por tudo o que tinha acontecido na mídia e a polícia vasculhou tanto a minha vida quando fez a batida no meu apartamento que foi difícil levar a Cymophane para frente da forma como eu tinha planejado. Enquanto isso, a DSP assinou (provavelmente devido ao alvoroço da mídia) um contrato de distribuição com uma empresa de Oslo [N.: capital da Noruega] e conseguiu voltar a prensar e vender seus álbuns.

Euronymous agiu como um completo imbecil ao fechar a loja, e a maior parte de nós concordou que ele era um grande cusão e um idiota. Eu estava furioso por ele não ter tirado proveito da situação, que foi o que me levou a dar aquela entrevista idiota, e não queria mais nada com ele. Não dava para fazer negócios com ele. Ao invés disso, consegui um contrato com uma empresa de distribuição em Oslo para a Cymophane, e continuei sozinho.

Para mim ele já nem existia. Quando ele telefonou-me para me perguntar se eles, os membros do Mayhem, poderiam ficar na minha casa enquanto estivessem nos estúdios Grieghallen para terminar o álbum do Mayhem, eu disse que não. E ninguém em Bergen queria dar a eles um lugar para ficarem, então eles precisaram de alugar um quarto num motel. Ninguém tinha nada contra Hellhammer, o único outro membro do Mayhem na época, mas nós simplesmente não queríamos envolver-nos com Euronymous. Eu sempre tive um bom relacionamento com Hellhammer, e ele também não estava muito impressionado com Euronymous, por assim dizer. Em 1992, quando gravamos "De Mysteriis Dom Sathanas", ele até brincou dizendo que deveríamos matá-lo!
URL=https://2img.net/r/ihimizer/i/deaderonymous.jpg/]A História do Burzum: Parte II – A morte de Euronymous: Deaderonymous[/URL]
Legenda da imagem: Mayhem: Dead e Euronymous
Por alguns meses esse sentimento de desprezo por Euronymous espalhou-se pela cena do metal, já que cada vez mais pessoas percebiam o quanto ele era idiota, e ele culpava-me por tudo isso, então começou a odiar-me. Ele acreditava que o facto das pessoas terem perdido o respeito por ele era culpa minha. De certa forma ele estava certo, já que eu não mantinha as minhas opiniões em segredo, mas acredito que ele fez isso para si mesmo. Ele simplesmente se revelou através da maneira pela qual reagiu aos problemas. Ele fez-se de tolo. Além disso, quando a mídia publicou todas aquelas asneiras sobre mim, ele sentiu-se menos importante. De repente ele não era mais o “personagem principal” da cena metal hardcore. Ele acreditava que isso também era minha culpa. Essa foi provavelmente a razão pela qual as pessoas alegaram que o assassinato foi o resultado de uma luta pelo poder entre duas figuras importantes da cena, mas a verdade é que isso era importante apenas para ele. Eu não dava a mínima para isso. Eu nem mesmo me relacionava com tanta gente ligada ao metal assim e, quando saía, preferia ir a festas house e a um clube techno underground em Bergen chamado "Føniks" (Fênix), enquanto a maioria dos gajos do metal ia a algum local de rock'n'roll. Na verdade, eu ia ao clube techno para fugir de todo aquele pessoal novo do metal, porque eu não gostava da atenção que recebia deles. Eu preferia a atenção das raparigas, por assim dizer.
Algum tempo depois o Mayhem chamou um novo guitarrista, Snorre W. Ruch of Thorns, de Trondheim, e quando ele se mudou para Bergen eu deixei-o dormir numa cama para hóspedes na sala do meu apartamento até que ele conseguisse o seu próprio. Nesse momento Euronymous começou a conspirar contra a minha vida. Ele queria matar-me. Para ele eu era o problema, então matando-me ele acreditava que o problema desapareceria.
A História do Burzum: Parte II – A morte de Euronymous: Snorre
Legenda da imagem: Snorre
Mas o problema era que ele incluiu algumas pessoas ligadas ao metal na sua conspiração para matar-me, e eles contaram-me. Ele disse que contou a eles porque ele confiava neles mas, obviamente, eles gostavam mais de mim do que dele, podemos dizer assim. Certo dia ele telefonou para Snorre, que vivia em meu apartamento, e Snorre deixou-me ouvir o que Euronymous tinha a dizer. Ele disse a Snorre que "Varg precisa desaparecer de uma vez por todas" e coisas desse tipo, confirmando os planos que outros me contaram antes.
Muitos alegaram que eu exagerei em minha reação, até porque Euronymous era um cuzão mesmo, e ele não teria coragem nem para tentar matar-me. Claro, ele era um cuzão, mas daquela vez ele não contou os seus planos para toda gente, como ele costumava fazer. Mas eu levei aquilo a sério porque ele contou somente para algumas pessoas em quem confiava, os seus amigos mais próximos – ou aqueles que ele acreditava que eram seus amigos mais próximos. Além disso, em agosto de 1993 ele estava prestes a ser preso por quatro meses, depois de ser condenado por ferir duas pessoas com uma garrafa partida, porque eles tinham “olhado para a sua namorada” numa paragem de autocarro. Ele não era um gajo muito simpático e, quando ele sentia que estava sendo posto contra a parede, ele era bem capaz de executar seus planos. Quando sentem muito medo, mesmo os maiores covardes tornam-se perigosos.
No mesmo dia em que ele contou a Snorre sobre suas intenções de matar-me (e, indiretamente contou-me, já que eu estava ouvindo a conversa), eu recebi uma carta dele, na qual ele fingia estar sendo bem amigável e dizia que queria encontrar-me para discutir um contrato que eu não tinha assinado ainda. Essa era a única desculpa que ele tinha para me encontrar e parecia que ele estava aranjando uma confusão para cima de mim. De acordo com os seus “amigos”, o plano era encontrar-me, nocautear-me com uma arma de choque, amarrar-me e colocar-me no porta-malas de um carro. Depois ele dirigiria até uma floresta, e amarraria-me a uma árvore e torturaria-me até á morte enquanto gravaria tudo em vídeo.
A História do Burzum: Parte II – A morte de Euronymous: Count
Legenda da imagem: Varg Vikernes

Minha reação foi, naturalmente, raiva. Quem diabos ele pensava que era? No mesmo dia decidi ir de carro até Oslo, dar a ele o contrato assinado e simplesmente dizer a ele “foda-se” e, ao fazer isso, eliminar todas as desculpas que ele tivesse para me contatar de novo. Mas tenho que admitir que não deixei de considerar a possibilidade de dar umas porradas nele. Pouco antes de sair Snorre disse-me que queria ir também, porque ele tinha alguns novos riffs de guitarra para mostrar a ele. Eu pretendia continuar até Sarpsborg com um lote de t-shirts do Burzum (para o Metallion da revista "Slayer" pelo que me lembro) e apenas deixar Snorre em Oslo com Euronymous. A propósito, o estranho (e desleal) Snorre não parecia ter problema algum em ser amigo dos dois, como uma pessoa normal (de bom caráter) teria.
Deixamos Bergen por volta das 21:00 e chegamos a Oslo entre 03:00 e 04:00 (não me lembro exatamente, já que isso aconteceu há mais de onze anos). Nós nos revezamos na direção e, quando chegamos, eu estava a dormir no banco de trás. Por causa disso eu tinha tirado o meu cinto e, quando paramos, eu passei o cinto para ele e pedi para colocá-lo num lugar seguro. Eu tinha guardado uma faca no cinto e ficar a conduzir com uma faca no banco de trás não é muito seguro.
Chegamos então à porta de frente do prédio e toquei a campainha. Ele estava dormindo. Você poderia pensar que visitar pessoas no meio da noite é um pouco estranho, mas era perfeitamente normal para nós. Muitas pessoas na cena metal eram “criaturas noturnas”, por assim dizer. Ele perguntou quem era, e eu disse o meu nome. “Estou dormindo. Não dá pra voltares mais tarde?”, disse ele. “Eu trouxe o contrato. Deixa-me entrar”, eu disse e entrei rapidamente. Seu flat era no quinto (ou quarto?) andar e comecei a subir as escadas. Snorre queria fumar um cigarro e, como o fumo era proibido no apartamento de Euronymous (e no meu carro), ele ficou no térraço a fumar.
Euronymous estava há espera de mim na entrada, parecendo muito agitado, e entreguei o contrato a ele. Devo acrescentar que ele estava, obviamente, bem nervoso. O gajo que ele planejava matar tinha aparecido na sua porta no meio da noite. Então perguntei a ele que porra ele queria e, quando dei um passo à frente, ele entrou em pânico. Ele ficou histérico e atacou-me com um pontapé no peito. Eu simplesmente emporrei-o para a porta e fiquei um pouco atordoado. Eu não estava atordoado pelo seu pontapé, mas pelo facto dele ter-me atacado. Eu não esperava aquilo. Não no seu apartamento e não daquela forma. Ele tinha começado a treinar “kick boxing” há pouco tempo e, como todos os iniciantes, achou que tinha-se tornado num “Bruce Lee” da noite para dia.
Alguns segundos depois ele levantou-se do chão com um pulo e correu para cozinha. Eu sabia que ele tinha uma faca na mesa da cozinha e pensei “se ele vai pegar numa faca, eu também vou pegar numa faca”. A minha faca de cinto estava no carro, porque estava no cinto que eu tinha deixado lá, mas eu tinha um canivete, ou melhor, uma faca de bota (com uma lâmina de 8 cm) no meu bolso. Eu pulei para a frente dele e consegui pará-lo antes que pusesse as suas mãos na faca de cozinha. Nesse momento ele já tinha mostrado as suas intenções então, quando ele correu para quarto, eu percebi que ele queria agarrar outra arma. Algumas semanas antes ele tinha dito a algumas pessoas que em breve a polícia lhe devolveria a espingarda (a usada por “Dead” quando ele se matou), então eu percebi que era isso o que ele estava tentando: agarrar a sua espingarda (embora ele, na verdade, não tivesse uma arma de choques ou uma espingarda no seu apartamento, eu não sabia). Eu corri atrás dele, esfaqueei-o e fiquei um pouco surpreso quando ele saiu correndo do apartamento. Não fez nenhum sentido ele ter fugido e o que deixou-me zangado foi saber que ele tinha começado a briga mas, no momento em que ele deu-se mal ele decidiu fugir, ao invés de lutar como um homem. Isso é algo que sempre detestei.

A História do Burzum: Parte II – A morte de Euronymous: Euronymous3
Legenda da imagem: Euronymous


(Algumas pessoas alegaram que eu assassinei um homem indefeso e desarmado mas, em primeiro lugar, ele tentou agarrar numa faca antes de mim e certamente ele poderia ter-se armado se tivesse escolhido ficar, ao invés de fugir como um covarde. Havia várias outras coisas no seu apartamento que ele poderia ter usado para se defender quando ele não conseguiu agarrar na sua faca de cozinha).
Do lado de fora encontramos Snorre, que tinha terminado seu cigarro. Todas as portas pareciam iguais e Snorre era um gajo bem distraído, então ele acabou subindo até o sótão, um andar acima, por engano. Confuso, ele desceu e usou o seu isqueiro para iluminar o número da porta, tentando ler para saber se era o apartamento certo. Enquanto ele estava tentando ler o número da porta, Euronymous saiu correndo de cueca, sangrando e gritando como um louco. Snorre ficou tão surpreso e aterrorizado que ficou parecendo um fantasma, e pareceu que os seus olhos estavam prestes a saltar. De acordo com Snorre, ele ficou tão surpreso e chocado que apagou e não se lembrou de nada até que momentos depois em que eu perguntei se ele estava bem.
Euronymous desceu um lance de escadas e parou para tocar a campainha do vizinho. Ele percebeu rapidamente que eu estava seguindo-o, então ele continuou a fugir escada abaixo, batendo nas portas e tentando tocar as campainhas dos vizinhos conforme ia passando por elas, gritando por ajuda. Eu esfaqueei (três ou quatro vezes) o seu ombro esquerdo enquanto ele corria, já que essa era a única parte que eu podia atingir enquanto estávamos correndo. Ele então tropeçou e partiu uma lâmpada na parede, provavelmente com sua cabeça ou braço, e caiu sobre os fragmentos de vidro – de cuecas. Correndo, passei por ele e esperei. Snorre ainda estava no andar de cima e eu não tinha idéia de como ele reagiria a tudo isso. Seria tudo uma armadilha e ele estaria participando? Ele poderia atacar-me também? Eu não sabia. Quando Snorre veio correndo ele pareceu bem assustado e eu apenas deixei ele passar direto por mim. Aí eu percebi que ele não fazia parte daquilo, então perguntei se ele estava bem (porque ele certamente não parecia bem). Nesse momento Euronymous ficou de pé novamente. Ele pareceu conformado e disse: “Já chega”, mas então ele tentou dar-me um pontapé novamente e eu acabei com ele enfiando a faca no seu crânio, pela a sua testa, e ele morreu instantaneamente.Os seus olhos viraram e um gemido pôde ser ouvido enquanto seus pulmões se esvaziavam depois que morreu. Ele caiu sentado, mas a faca estava enfiada na sua cabeça, então eu segurei-o enquanto tentava tirar a faca. Quando puxei a faca do seu crânio ele caiu para frente e rolou por um lance de escadas como um saco de batatas – fazendo barulho suficiente para acordar toda a vizinhança (era uma escadaria barulhenta, de metal).
Isso pode soar como uma maneira estranha de matá-lo, mas a minha faca era muito pequena e apenas pontuda. A lâmina não era afiada. Era tão cega que eu não conseguiria cortar um tomate em dois sem esmagá-lo. A única maneira de matá-lo rapidamente com aquela faca seria perfurar seu coração ou crânio. De fato, eu poderia ter sido capaz de matá-lo de forma muito mais fácil e rapidamente se eu nem tivesse uma faca e, ao invés disso, tivesse batido nele até á morte. A única razão que me fez sacar a faca foi porque ele estava tentando fazer isso e eu imaginei que seria justo se eu também tivesse uma faca, embora a que eu tinha não era muita coisa.
Ele já tinha mostrado a sua intenção de matar-me e, mesmo ele não sendo mais uma ameaça directa contra mim naquele local e naquele momento, eu não senti nenhum remorso por tê-lo matado. Sua covardia deixou-me muito zangado e eu não vi nenhum motivo para deixá-lo viver, não quando ele já tinha demonstrado a sua intenção de matar-me. Se eu o tivesse deixado viver eu apenas teria dado a ele a oportunidade de atentar contra a minha vida mais uma vez no futuro.
Matar uma pessoa com uma faca cega de 8 cm é algo bem sangrento mas, embora o sangue tenha espirrado sobre as paredes da escadaria conforme descíamos correndo, não havia sangue no meu rosto. De qualquer forma, Snorre tinha as chaves do carro então eu corri para impedi-lo de sair com o carro, deixando-me para trás em Oslo, encharcado de sangue. Eu agarrei as chaves, abri a porta, devolvi as chaves para ele e disse para dirigir. Eu entrei rapidamente no saco de dormir que eu guardava no porta-malas, antes de entrar no carro, para ter certeza de não deixar nenhuma marca de sangue no carro. Naquele momento eu achei que era melhor tentar fugir. O que eu não sabia era que Snorre ainda estava em choque, então ele apenas dirigiu a esmo em Oslo por 20 minutos e acabei tendo que assumir o volante. Enquanto dirigíamos por Oslo, Snorre viu um agente policial na estrada para Bergen nos arredores de Oslo, então tivemos que ir por outro caminho. Dirigimos para o norte na direcção de Trondheim e logo depois desviamos para oeste. Eu parei perto de um lago e tirei todas as minhas roupas. Eu amarrei pedras nelas e nadei até deixá-las afundar onde o lago era mais profundo. Por sorte, eu ainda tinha as camisetas que pretendia vender em Sarpsborg (como disse, para o Metallion, pelo que me lembro), e Jørn of Hades tinha esquecido um agasalho de moletom (ironicamente, um moletom de Kreator, com os dizeres "Pleasure To Kill" [N.: “Prazer de Matar”]), então eu também tinha um moletom limpo (bem, não exatamente “limpo”, mas pelo menos não estava encharcado de sangue). Finalmente, eu tinha umas calças muito, muito sujas que estavam há muito tempo no banco de trás, então eu tinha um conjunto quase completo de roupas. Dirigir como um “soldado” e sem meias não seria um problema.
(Snorre depois mostrou à polícia onde eu tinha jogado as roupas, mas tudo o que eles conseguiram achar foi uma T-shirt com a figura de um viking e o texto: “Noruega: Terra dos Vikings”, que não tinha traços de sangue. Tudo o mais havia desaparecido e mesmo mergulhadores não conseguiram encontrar coisa alguma. Eles não tinham absolutamente prova nenhuma de que a t-shirt pertencia a mim [e quem neste mundo esperaria que eu usasse uma T-shirt com esse tema?]. As outras peças de roupa provavelmente tinham-se afundado na lama espessa do fundo do lago, como era de se esperar).
Um amigo nosso ainda estava no meu apartamento. Quando decidi ir a Oslo estávamos vendo a alguns vídeos e comendo pizza e, quando saímos, permiti que ele ficasse para terminar de ver os filmes e de comer. Naquele momento eu queria que ele saísse do apartamento, no caso da polícia já saber do que tinha acontecido. Paramos em Hønefoss perto de uma cabine telefônica, apenas para dizer ao cara para sair de meu apartamento. A primeira cabine que vimos estava rodeada de adolescentes, e não queríamos que ninguém nos visse no leste da Noruega naquele momento, então continuamos andando até achar outra cabine telefônica. Como eu estava dirigindo, Snorre saiu para telefonar, quando um carro da polícia passou descendo a estrada. Aparentemente os adolescentes tinham arrebentado a cabine telefônica e antes de irem arrebentar a seguinte alguém chamou a polícia. Quando o polica chegou e nos viu ele pensou que éramos as pessoas que ele estava há procura (esse foi ou não foi um bom exemplo da “Lei de Murphy” em ação?). O telefone estava avariado e Snorre voltou para carro. Eu conduzi, com a viatura a uns noventa metros atrás de nós, e percebi que, se ele nos parasse e simplesmente anotasse os nossos nomes, seria impossível conseguir um álibi. Então eu acelerei cada vez mais, com a viatura logo atrás na mesma velocidade e, quando chegamos à estação de comboio em Hønefoss eu virei à direita e conduzi como um completo maluco (pneus cantando, rodas patinando, saindo de traseira em cada curva e tudo o mais que se poderia esperar de uma fuga típica de filme “B”). Eu estava conduzindo um VW Golf e estávamos a ir tão rápido que, antes que percebêssemos, estávamos na auto-estrada para Bergen novamente – e tínhamos nos livrado da polícia. Ele provavelmente nem se tinha preocupado em perseguir-nos (ou, o que é pouco provável, não tinha conseguido nos acompanhar), já que uma investigação posterior (feita pela polícia) mostrou que ele nem mesmo relatou o incidente para os seus superiores.
Naquele momento eu achei que eles poderiam já estar a procura-nos e, para o caso de já estarem, eu sugeri a Snorre que eu deveria deixá-lo numa estação de comboio, num local chamado Gol, a caminho de Bergen. Se a polícia me encontra-se eu estaria sozinho e ele não teria problemas. Ele recusou a oferta e voltamos para Bergen sem quaisquer incidentes. A primeira coisa que fiz foi visitar uma gráfica para conseguir um álibi e depois fui me encontrar com o cara que tinha ficado em no meu apartamento, para dizer a ele que precisávamos conversar, para também conseguir um álibi. Snorre já tinha dito a ele pelo telefone que “algo tinha acontecido” em Oslo, quando paramos numa cabine telefônica perto de Voss, algum tempo depois de termos saído de Hønefoss. Inventamos uma história e tudo parecia bem.
Então eu pude finalmente ir para casa e dormir um pouco. Depois de uns 20 minutos de sono, a campainha tocou e apareceu um jornalista que queria falar comigo sobre a morte de Euronymous, que já tinha sido descoberta (por volta das 11:00) e eu disse a ele que eu estava muito cansado para conversar com ele. Afinal, eu já estava sem dormir já há bastante tempo (embora eu não tenha dito isso a ele...). No dia seguinte, lê-mos nas primeiras páginas que “O ‘Conde’ [N.: de ‘Count Grishnackh’] está desconsolado! Ele ficou tão triste ao ouvir as notícias sobre a morte de seu melhor amigo que ele nem conseguiu falar conosco sobre o assunto”. Bastante irônico, não achas? Isso serve para mostrar como não dá para confiar nas histórias contadas pelos mídia!
Algumas pessoas, por alguma razão bizarra, alegaram que eu matei Euronymous por causa de uma rapariga e, portanto, devo acrescentar que minha namorada da época (e de abril de 1993 até 1998) nem sabia quem ele era. Ela nunca tinha ouvido falar dele até eu matá-lo (e posso dizer que ela não era nem mesmo uma “metalhead”, mas uma rapariga “comum” que ouvia música pop). Então ela, obviamente, não tinha nada a ver com tudo isso e eu com certeza não o matei por causa de uma rapariga. Até onde eu sei Euronymous nunca teve uma namorada, então essas pessoas que estavam espalhando esse boato idiota não poderiam estar falando da sua namorada.
Mesmo as pessoas que me criticam por ter matado um conterrâneo norueguês estão erradas. Euronymous era, na verdade, lapão [N.: Originário da Lapônia, região do norte da Europa que abrange partes da Noruega, Suécia, Finlândia e Rússia], o que pode ser claramente visto pelas fotos dele. As suas feições de lapão (mongóis) são claramente visíveis, o seu cabelo era tipicamente lapão (fino e reto) e sua estatura também era reveladora (como a maior parte dos lapões, ele era muito baixo).
O problema era que Snorre ainda estava em choque. Tenho que admitir que nada disso me afetou. Não se tratava de um grande problema; um criminoso que tinha planos de me matar estava morto. E daí? Não vejo nenhuma razão para ter pena de uma pessoa que planejava me torturar até a morte enquanto gravava tudo para a sua própria diversão.
A polícia queria falar comigo – já que eles acharam desde o primeiro dia que eu era culpado – e convocaram-me para ir a Oslo para ser interrogado Eu concordei e falei com eles, apresentei o álibi que tínhamos criado após o assassinato e liberaram-me. Em seguida eles passaram a investigação para minha cidade natal, por razões óbvias, e começaram interrogar os outros também. Eles não tinham qualquer evidência contra mim, então eles tinham que fazer alguém falar para poderem apanharem-me. Eles entenderam rapidamente que Snorre era o elo fraco da corrente, por assim dizer. Os seus nervos estavam à flor da pele e eles apertaram com ele
Eles telefonaram para ele na noite em que eu não estava lá, fazendo perguntas, sempre as mesmas perguntas, até que, depois de nove dias, ele não aguentou. De acordo com um relatório da polícia, ele estava tão abalado emocionalmente que precisaram esperar várias horas antes que pudessem conseguir algum tipo de declaração dele. Aparentemente aquilo foi uma experiência bastante traumática para ele. Ele contou que eu tinha matado Euronymous e onde eu estava. Naquele momento eu estava num clube noturno e, quando eu saí (entre 02:00 e 03:00, em uma sexta-feira, 19 de agosto de 1993), prenderam-me.
Depois perguntaram o meu nome e eu recusei-me a dizer-lo. Eles tiraram a minha roupa, me colocaram-me numa cela, mantiveram a luz acesa 24 horas por dia, 7 dias por semana e não me deram sequer um cobertor ou lençol para eu deitar-me. Eu já esperava por isso, então não houve um grande problema e eu só ria das suas tentativas patéticas de me abalarem mentalmente; porém, o “álibi” do meu apartamento teve o mesmo tratamento, porque contaram que ele estava sendo acusado de assassinato mas, estando completamente despreparado para isso, ele ficou tão atordoado que confessou tudo imediatamente. Algo tinha acontecido em Oslo, ele disse, e eu acabei a matar Euronymous. Ele disse para eles o mesmo que Snorre tinha dito antes.
Porém eles ainda não tinham evidência concreta contra mim. A única coisa que eles realmente poderiam usar contra mim era a confissão de Snorre, mas ele nem mesmo tinha me visto esfaquear Euronymous. Seu testemunho provava que ele tinha estado em Oslo, mas a única coisa que ligava-me ao crime era o seu testemunho. Eles até tinham uma gravação dele em fita, feita pela câmera de vigilância de um posto de gasolina em Hønefoss naquela noite, quando ele estava reabastecendo o carro no caminho para Oslo. Eu, por outro lado, não podia ser visto em nenhum lugar. Ele estava sozinho no carro. Se eles não tivessem feito nada a respeito disso, eles teriam sido forçados a condená-lo pelo assassinato, e eu ficaria livre. Ele estava com a corda no pescoço!
Então o que achas que aconteceu? Eles de repente alegaram – dois meses após o assassinato e dois meses após eu ter me tornado suspeito (e eles já tinham as minhas impressoes digitais, da prisão em janeiro de 1993) – que tinham encontrado as minhas impressoes digitais com sangue na cena do crime. Eu estava a usar luvas quando o matei, então eu sabia que aquilo era uma grande asneira, mas mais ninguém sabia, e Snorre erroneamente acreditou que eu tinha dito a ele que eu não estava usando luvas quando o matei. Então, subitamente, Snorre e o outro cara mudaram as suas histórias e alegaram que nós havíamos planejado tudo. Disseram para o gajo no apartamento que eu tinha cometido o crime mas, se ele não cooperasse com eles, então Snorre seria condenado no meu lugar. “Tu queres que Snorre vá para a cadeia por algo que Varg fez?”. Tudo estava preparado para me prenderem e para livrarem Snorre mas, nesse processo, eles inventaram uma história que era muito pior que a verdade. Eles alegaram que Snorre tinha planejado o seu álibi dando o seu cartão de crédito para o outro gajo, que o usaria no meio da noite em Bergen, deixando a assim evidência eletrônica de que ele estava em Bergen e não em Oslo naquele momento.
Mas o único problema era que ele nunca deu ao outro gajo o seu cartão, então o outro cara obviamente nunca deixou rastro eletrônico algum em Bergen, então qual o motivo de fazer tal alegação? Eles alegaram que alugamos filmes que já tínhamos visto antes então, se alguém nos perguntasse sobre os filmes, seríamos capazes de dizer do que se tratavam. Eles também alegaram que o gajo que estava no meu apartamento tinha estado lá para fazer barulho, assim os vizinhos acreditariam que eu estava em casa. Disseram ainda que ele tinha saído do apartamento usando a minha camisola, para fazer as pessoas que ele encontrasse na rua acreditassem que ele era eu, usando o cartão de Snorre para deixar evidência eletrônica. Entretanto, ele nunca pegou o cartão de Snorre e ninguém disse que o tinha visto a passando-se por mim, então... Snorre teria acompanhado-me para enganar Euronymous para que me deixasse entrar no seu apartamento, eles também alegaram, embora tenha sido eu quem tocou á campainha e falou com ele. Finalmente, eles disseram que eu tinha dado uma faca a Snorre, que tinha ficado no carro, no caso de eu precisar da sua ajuda. Essa, claro, era a faca de cinto que eu tinha pedido a ele que colocasse no porta-luvas, porque eu não queria uma faca jogada no banco de trás do carro. Naturalmente, eu não a coloquei no cinto porque é ilegal andar por Oslo com uma grande faca no cinto e eu poderia ter sido preso se a polícia apanhase-me. Eles distorceram tudo completamente e fizeram parecer que eu tinha planejado o assassinato.
Eu não sei se isso é embaraçoso ou apenas estúpido, mas o cara no apartamento costumava realmente dizer que era eu quando saía. Ele chegava a dizer “Ola, eu sou o ‘Conde’ como chamariz quando estava engantanto as raparigas (?!). Sei disso porque algumas raparigas contaram-me. Então se ele realmente usou minha camisola e andou por Bergen tentando fazer as pessoas acreditarem que ele era eu, isso não significava necessariamente que ele estava a tentar a dar-me um álibi. Isso na verdade é uma prova do quão patético ele era – e o quão baixos alguns seres humanos podem ser para conseguirem ter sexo. Devo acrescentar que eu não vejo como esse chamariz poderia ter dado certo, considerando que seria muito fácil para as raparigas perceberem que ele não era “o Conde”. Bergen é uma cidade muito pequena de apenas 130.000 (ou 250.000 se você incluir toda a municipalidade) pessoas e praticamente todo mundo naquela época sabia qual era a minha aparência, então onde é que ele estava com a cabeça?! Ele nem era natural de Bergen (e sim de Lillehammer, no leste da Noruega), e qualquer um poderia perceber isso no momento que ele abria a boca.
Na verdade, eu chego até a ficar envergonhado pelo facto de ter feito amizade com essas pessoas, tanto esse cara quanto Snorre – e por algum tempo também com Euronymous. Há um ditado que diz: “Diga-me com quem andas que te direi quem és”. Se isso é verdade eu certamente fui um completo idiota... Mas a meu favor devo salientar que eu também tinha outros amigos, bons amigos (fogo!).
Eles nunca conseguiram explicar porque Snorre poderia querer matar o Euronymous. Ele tinha acabado de se juntar ao Mayhem como guitarrista, algo que era o sonho de muitos guitarristas de heavy metal, tenho certeza, e era um amigo de infância de Euronymous, então isso não faz sentido nenhum. Além disso, eles alegaram que eu havia planejado “cortar sua garganta” (provavelmente porque aquilo fazia com que eu parecesse muito cruel) mas, se fosse esse o caso, porque então eu traria uma faca cega que era somente pontuda? Eu poderia ter simplesmente tentado cortar a sua garganta com uma colher. Isso também não faz nenhum sentido – e sabemos ainda perfeitamente que eu não cortei a sua garganta.
Eles e a polícia estavam tão interessados em inventar coisas para me condenar que, no final, Snorre também acabou condenado, por me ajudar a planejar um assassinato e por me ajudar psicologicamente (sim, “claro”). Porém, o outro gajo, que alegou ter participado ativamente do planejamento do “assassinato” e do meu álibi, passou um total de uma única noite numa cela. Ele nunca foi acusado de coisa alguma, o que é bem estranho. Se a polícia tinha acreditado seriamente na teoria maluca que ele apresentou, ele deveria ter sido condenado também, mas eles sabiam que aquilo era um monte de asneiras criadas para me apanharem, e então deixaram ele ir. E devo acrescentar que não temos um sistema de recompensas para informantes aqui na Noruega, como eles têm nos EUA e possivelmente em outros países também. Não há maneira de negociar para sair livre se você cometeu um crime na Noruega. O facto é que eles simplesmente não queriam condená-lo por algo que ele não tinha feito. Ele estava a mentir, e eles sabiam disso, porque eles disseram a ele para inventar aquelas mentiras!
O próprio advogado de defesa de Snorre (que era Maçom) até mesmo testemunhou contra seu próprio cliente, já que ele estava muito interessado em“apanhar-me”, e, quando Snorre foi condenado até o júri pareceu triste (“sinto muito, mas temos que condenar Você também”) e eu não acho que alguém esperava aquilo. Foi uma mudança inesperada para todos nós.
No tribunal eu disse a eles que Snorre não tinha nada a ver com aquilo e que ele estava no lugar errado e na hora errada mas, no dia seguinte, Snorre estava testemunhando e alegou que eu estava errado. Eu tinha planejado tudo e ele sabia porque ele era parte do esquema. Toda a sua estratégia de defesa baseou-se em demonstrar que eu não podia culpá-lo, mas eu sequer tinha pensado nisso (e levei um bom tempo para entender que essa era sua preocupação). Se ele tivesse dito a verdade, ele teria livrado-se da condenação mas, ao invés disso, ele insistiu em sua mentira – porque seu advogado de defesa convenceu-o a fazer isso – e ele pegou 8 anos por fazer absolutamente nada.
A mídia divulgou que o assassinato foi o resultado de uma “luta pelo poder” num “movimento satânico” e que eu o tinha matado para tomar o seu lugar como líder (?). Mas isso não faz o menor sentido. Então é assim que a coisa funciona? Tu matas alguém para ficar com o seu lugar? Se quiseres ser indicado como diretor de uma firma, não consegues tal coisa matando o diretor atual. Em que tipo de mundo esses jornalistas vivem? Seria num bando de animais ou coisa desse tipo? Isso simplesmente não faz sentido algum. Mas essa era a teoria deles, sua única teoria. O jornalista “dominante” (Michael Grundt Spang), que escrevia para o maior jornal da Noruega, até mesmo gastou o seu tempo escrevendo sobre o meu cabelo e sobre a minha aparência em geral. De acordo com ele, eu “atitava” o meu “rabo-de-cavalo castanho” de um lado para outro “como uma rapariga” e não possuía “brilho diabólico” ao meu redor, como seria de se esperar de um “satanista diabólico” como eu, e assim por diante. Ele ficou, obviamente, bastante desapontado pelo facto de eu não parecer “diabólico”. Aparentemente nunca passou pela cabeça dele que eu poderia não parecer um “satanista diabólico” simplesmente porque eu não era um “satanista diabólico”... Snorre foi simplesmente descrito como “uma versão menor, mais magra e mais pálida do Conde”. O jornalista certamente não tinha a intenção de que aquilo soasse engraçado, mas certamente soou, simplesmente porque era incrivelmente idiota.
Os outros gajos da cena naturalmente ficaram furiosos comigo, já que eles também começaram a acreditar na teoria do jornal sobre uma luta pelo poder, então eles também – com algumas poucas exceções (como Fenriz do Darkthrone e os gajos do Mayhem)– fizeram de tudo para me crucificar e, nesse processo, eles deduraram uns aos outros e finalmente, por causa deles, a polícia resolveu quase todos os crimes cometidos pelos caras do black metal na Noruega entre 1991 e 1993. Eu falei com alguns deles depois e disseram-me que, se eles soubessem da verdade, eles nunca teriam atacado-me (e, com isso, atacado-se mutuamente) como fizeram. Eles foram manipulados pela mídia e, claro, pela polícia. Mentiram para eles, como para todo mundo e, infelizmente, eles não foram capazes de ver além das mentiras.
Fui condenado a 21 anos, a pena máxima na Noruega, e o juiz alegou que eu tive “um motivo incompreensível” para matá-lo. É realmente tão difícil assim de entender que eu matei-o porque eu soube que ele tinha planos de me torturar até a morte e depois me atacou? Que parte disso o juiz não entendeu? Inicialmente era autodefesa mas, quando ele começou a fugir, eu não estava mais numa situação de vida ou morte então, naquele momento, não era autodefesa e sim homicídio doloso e, na minha opinião, aquilo foi um ataque preventivo, para que ele não tivesse uma segunda chance de matar-me. Por isso a minha pena deveria ter ficado apenas entre 8 e 10 anos! Ao invés disso, eu apanhei 21 anos e Snorre apanhou 8 anos por fazer absolutamente nada!
Eles também tentaram apresentar o assassinato como brutal e alegaram que ele morreu porque os seus dois pulmões tinham sido perfurados. Eles ainda alegaram que eu o esfaqueei 23 vezes. No primeiro lugar, eu sabia muito bem que ele tinha morrido quando eu o esfaqueei na cabeça. Em segundo lugar, ele caiu sobre uma pilha de fragmentos de vidro estando de cueca. Naturalmente, ele cortou-se muito – até mesmo sob um de seus calcanhares, já que ele se levantou depois de cair. Eles também sabiam disso, porém alegaram que eu o tinha esfaqueado 23 vezes, só para fazerem as pessoas acreditarem que eu era muito cruel, bestial e brutal. No tribunal mostraram fotos da autópsia a um júri perplexo. As fotos mostravam Euronymous nu sobre uma mesa, com todo o cabelo rapado, os seus olhos ainda abertos e todos os cortes numerados a caneta sobre sua pele. Eu sabia que foi humilhante para ele ter sido morto mas, quando eles mostraram as fotos da autópsia no tribunal, aquilo foi certamente muito pior. Matar é uma coisa, mas eu nunca humilharia alguém daquela forma.
Ah, e, claro, o juiz incluiu na sentença que: "Varg Vikernes acredita em Satã", embora eu tenha repetidamente afirmado no tribunal que eu não acreditava nem em “Satã” e nem em “Deus”. Eles ignoraram a verdade e criaram a sua própria realidade, por razões políticas.
Falando do júri, eu tive o “privilégio” de ter o único “curandeiro” cristão da Noruega em meu júri. Ele aparentemente já tinha aparecido na TV, dizendo ser capaz de “extrair o mal do corpo com a ajuda de Jesus” e, dessa forma, “curar” as pessoas. Seria isso uma coincidência? Seria coincidência o facto do único “curandeiro” cristão da Noruega (naquela época) ser escolhido para o meu júri? Ele estava relacionado como “secretário” e eu fiquei sabendo que ele era um “curandeiro” cristão muito depois, em 1995, quando um jornalista contou-me sobre isso – e ele também contou que pelo menos outros dois membros do júri eram maçons. Os outros eram todos pensionistas, com exceção de uma ou duas mulheres. Todos eles eram os meus “pares”, sem dúvida... O advogado de defesa de Snorre era maçom, como já mencionei, um dos psiquiatras do tribunal era maçom e judeu “sobrevivente” de Auschwitz (ele era um dos três que viviam na Noruega na época), o outro psiquiatra era um extremista de esquerda, o meu advogado de defesa era 100% incapaz de ter um emprego remunerado (devido a um problema cardíaco) e, de acordo com o jornalista com quem conversei, pelo menos um dos três juízes também era maçom.
Os incêndios de igrejas quase não foram mencionados no tribunal. Em cada caso, eles apresentaram uma testemunha, que alegou que eu queimei essa ou aquela igreja, e foi só. “Culpado”. Apenas isso. Esse processo foi repetido quatro vezes e eu fui considerado culpado de atear fogo a quatro igrejas, três delas tendo sido completamente queimadas. Não havia uma única evidência sequer em qualquer um desses casos. Eu fui condenado somente devido ao testemunho de uma única pessoa em cada caso. Todas essas testemunhas eram amigos de Euronymous!
Até o meu incompetente advogado não se preocupou em argumentar sobre os incêndios, alegando que “isso não era importante”. “Você não vai receber uma pena muito alta por isso, de qualquer forma”, ele pensou. Outra coisa interessante é que nenhuma impressão digital, ou qualquer outra evidência técnica, foi apresentada no tribunal. Quando fui preso eu tinha uns 3.000 cartuchos de munição (a maioria .22LR, 38 Special, 7,52N, 7.92 mm e calibre 12) no meu apartamento, mas a maior parte não foi nem mesmo incluída na lista de objetos confiscados. Os policiais simplesmente levaram o que quiseram. Para eles era “munição gratuita”. Eles até roubaram o meu capacete de aço da SS, embora eu só possa imaginar porquê.
Finalmente, fui condenado por roubar e armazenar por volta de 150 kg de explosivos (a maior parte dinamite e um pouco de glynite) e três sacos de detonadores eletrônicos e também por invadir algumas cabanas nas montanhas – das quais eu, de acordo com eles, roubei uma bandeira da Noruega (?!) e um livro, enquanto procurava armas. Eu nunca fui condenado por profanação de sepulturas, como muitos parecem acreditar, ou por atear fogo á Igreja Fantoft Stave. Eles não acharam nenhum “metalhead” burro que pudesse mentir e dizer a eles que tinha-me acompanhado no incêndio da igreja, como nos outros casos, então eles não tinham evidência alguma contra mim naquele contexto, e eu tinha até mesmo um álibi, já que uma rapariga de Oslo tinha passado a noite comigo (mesmo assim meu advogado de “defesa” nem se preocupou em pedir a ela que testemunhasse na minha defesa!). A acusação foi toda baseada em boatos. Além disso, quando o júri não me considerou culpado por incendiar a Igreja Fantoft Stave, a juíza principal ficou tão zangada que disse que era “óbvio” que eu tinha feito aquilo também, mas isso não importava, já que eu receberia a pena máxima mesmo – e, surpreendentemente, ela disse isso antes dos três juízes e membros do júri começarem a discutir sobre a pena, então, obviamente, eles já haviam decidido de antemão que eu deveria pegar 21 anos de qualquer maneira. Eles queriam-me usar como exemplo, para mostrar à juventude da Noruega que não se deve brincar com “a Mãe dos Porquinhos”.
O assassinato de Euronymous foi uma bênção para eles. Finalmente eles tiveram uma desculpa para se livrarem de mim (ou foi nisso que eles acreditaram: as pessoas tendem a acreditar que até mesmo um ano na prisão significa “o fim” de tudo). Eu não acho que tudo isso teria acontecido se a mídia não tivesse publicado tantas mentiras sobre mim, porque foram essas mentiras que fizeram Euronymous querer se livrar de mim em primeiro lugar: Eu ganhei tanta atenção que ele ficou com inveja. Portanto o sistema de justiça condenou-me a 21 anos porque a mídia me deu tamanha atenção que eu me tornei mais importante e influente do que eu era no início e porque eles foram tão intensamente provocados pelos incêndios das igrejas que perderam a cabeça completamente.
A História do Burzum: Parte II – A morte de Euronymous: Vargprisao
Legenda da imagem: Varg Vikernes quando estava na prisão
Em resumo, fui atacado por um criminoso condenado, defendi-me e peguei 21 anos por isso. E como se isso não fosse suficiente, mudaram as regras depois que fui condenado, o que significou oficialmente que devo cumprir 2 anos a mais do que eu deveria. 21 anos significam que eu seria solto depois de 12 anos mas, há alguns anos (em 2000 ou 2001), as regras foram mudadas, logo, de acordo com eles, agora devo cumprir 14 anos, porque a nova lei é retroativa! Porém, é ilegal criar leis retroativas como essa, de acordo com a constituição da Noruega e leis internacionais, mas quem se importa? Em 1945, quando a guerra acabou, não tínhamos nem mesmo pena de morte em tempos de guerra na Noruega, mas o sistema judiciário que temos hoje criou uma nova lei, fez com que seja retroativa e executou doze pessoas (em tempos de paz!). Não sou um “pobre” imigrante afro-asiático nem um extremista de direita, ou um cristão fracote implorando por misericórdia, então de maneira alguma a mídia dará algum tipo de apoio mim para mim. Sou simplesmente persona non grata na Noruega, um país que muitos europeus ocidentais conhecem como “a última república Soviética”. Eu ainda posso pedir a condicional depois de 12 anos apenas mas, pela minha experiência com o sistema judiciário da Noruega, não estou muito otimista a esse respeito. Há uma diferença entre Þórr e Loki, como dizemos aqui na Escandinávia.
Estou furioso com tudo o que aconteceu, mas sei que darei a volta por cima no final e acho que isso é o que realmente importa. Eu nem mesmo odeio-os, apenas tenho pena deles. Acima de tudo sou agradeçido por não ser como eles. Recuperarei a minha liberdade um dia, mas eles provavelmente não terão melhorado nem um pouco. É como no caso do gordo e do feio: o gordo sempre pode perder peso, mas o feio sempre será feio.
Obrigado pela sua atenção.
Varg "o vilão" Vikernes
Dezembro de 2004
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